Hoje o dia está muito bonito. É um domingo de sol, tem chovido muito e um dia como este tem que ser mencionado. Já se percebe uma brisa fresca a noite, mas durante o dia o sol é quente, bem típico do outono. Estou em casa escrevendo enquanto meu gato dorme na cama coberto por um lençol e cabeça no travesseiro. Travesseiro é indispensável já que ele é um siamês. Esta semana ele passou mal por reação de antibiótico e hoje , melhorzinho, quis brincar. E brincar é com a Bete. Tentei filmar a brincadeira de rolar atacando uma sacolinha de plástico, cuidadosamente enrolada pela Bete, mas quando cheguei com a câmera ele já estava cansado. A Bete deitou um pouco depois de ter feito um gostoso almoço de domingo, um peixe ensopado, arroz branco e salada verde. Deve ter dormido embalada pelo som da voz do netinho Miguel dizendo-'alô aqui é o Miguel ! Ah ,é a vovó Bete...", para em seguida a ligação ser interrompida logicamente por uma pessoa mal humorada e rancorosa que não conhece o sentimento -amor. Da sala ouço o som calmo da televisão exibindo um daqueles filmes que faz a Magali esquecer do tempo e penetrar num mundo maravilhoso de dramas, romance, sofrimento. Ao fundo o som metódico da máquina de lavar sinalizando as fases lavar, duplo enxague, centrifugar. É um dia preguiçoso, ouço o motor dos carros passando levando ou trazendo pessoas que almoçaram na casa da sogra, da mãe, ou quem sabem vão arriscar uma partida de tênis no Caiçara clube. Olho em volta no quarto onde estou, aonde ainda persiste muitos objetos do Thiago reforçando a sua presença, pois o amor vence qualquer distância.
